terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Destruo, 
na demência de um alcance tremendo.
Destruo-me, apenas.
Menos o que por dentro
me existe.

Obra vergonhosa a minha
Vulgar diria
Sou vilã, puta fina
Antes ladra e concubina
Carapaça somente
de alma demente e perdida.

Amiga não
Sou traição e mentira
Sou morte sem vida
Sou mãe sem saber
Gerei mar gélido
maré vazia
Fui má, mais que rainha

Sou afinal poeira seca
Içada por força de um passo
Nem fui ontem nem agora
Fui maré negra que passa

Fui face cortada
face oculta
Fui a versão de culpa
Fui corpo somente
Fui vista, visitada
Ouvida de nada
que palavras fizeram colheita
da mentira calculada

Sou fantoche
Fui palhaça
Carapaça infundada
não sou mais que vaca de estrada
com rosto de mulher vaga.

Sou o que resta afinal
Restolho de desventura
Cinza clara, nova lua
Sou o veneno que cura
Cobra arisca, 
gargalhada
verme de albergue na estrada
ao som de qualquer vento que passe.

Sou mentira
Nada mais que isso

1 comentário:

  1. Minha querida

    Perdi-me na beleza deste poema...forte e profundo...mas que fala.

    beijinhos com carinho
    Sonhadora

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